segunda-feira, dezembro 11, 2006

Dízimo X Tabú

Tenho observado com um certo espanto, embora advertido, a forma em que as escrituras sagradas são manipuladas ao bel prazer. Passagens isoladas nas mãos de mestres demagogos e dotados de uma exepcional ministração de lábia, tem sido comumente avistado em nossas congregações.
Não digo que a motivação seja a pior possível, mas de certo é que a ignorância não pode mais servir como desculpas para certos erros. Não consigo compreender como alguns que dizem pregar a Verdade pode simplesmente abster-se da verdade plena para pregar a verdade manipulada por interesses pessoais ou de uma classe. A onda doutrinária que felizmente já está sendo desmantelada da realidade cristã, mas que ainda assola a maioria de nossas comunidades, é a Lei do Dízimo. Tenho sido abordado com uma freqüência alarmante sobre este assunto, e como não poderia deixar de me preocupar, tomei a liberdade de encarar de frente este problema e tentar ser o mais claro em relação a este assunto que em alguns lugares são tidos como 'assunto INdiscutível'.
Se estás debaixo da lei que rege o nosso país (Brasil), convém obedecer as leis estipuladas para esta localidade. O Brasil possui uma constituição própria, não dependendo de nenhum outro país para que sua soberania seja declarada, sendo que, seguramente esta constituição foi aprovada por Deus.
Agora, se estás debaixo da lei judaica (isto é, se és judeu), então convém obedecer à lei, não só quanto ao dízimo, mas TODA A LEI, isto é, sacrifícios, oblações, dízimos, obrigações, todas as descritas nos livros de Moisés. Senão faça como o deliberado na Assembléia em Jerusalém, quando se questionou a obediência da lei judaica pelos judeus e gentios convertidos:"Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento, pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,[...] Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós,não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá." (Atos 15:24-25;28-29). Lembrando que ao final do primeiro concílio da história do cristinanismo, Tiago, que era o líder da igreja de Jerusalém, reportou que aos judeus, fica a cargo individual o seguir ou não a lei. Para os gentios que se convertiam naquela época, era bom que se afastassem do sangue, da carne sufocada etc., para não escandalizar alguns Fariseus que se converteram. Ficou apenas combinado que se agisse desta maneira, não foi imputado nenhuma LEI para ser seguida. Muitas denominações usam da passagem do profeta Malaquias para defender a tese de que os cristãos são obrigados a contribuircom o dízimo, dizendo ser para o sustento da casa de oração (igreja atual=casa de oração). Ora, as casas de oração são como o templo de Jerusalém, em que permaneciam os levitas para executarem exclusivamente o ofício do sacerdócio? Muitos presbíteros argumentam a defesa do dízimo com base na seguinte passagem na carta de Paulo:"Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho." (I Coríntios 9:14). Contudo, o Espírito Santo se contradiz? De forma alguma, pois no mesmo capítulo da carta de Paulo, assim escreveu:"Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciaro evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais." (I Coríntios 9:16-19). Portanto, se há os que não sabem, Paulo não vivia às custas de "dízimos", pois ele mesmo trabalhava para o sustento próprio, como está escrito: "Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes." (II Tessalonicenses 3:7-9). Portanto, se há denominações que usam da passagem do profeta Malaquia para argüir a favor do dízimo, estão sendo ignorantes quanto à interpretação bíblica da doutrina de Cristo. O que houve de ordenança no N.T. é que houvessem coletas voluntárias, para que se ajudassem os irmãos mais necessitados dentre os novos convertidos e não imposição de 10% dos ganhos como por obrigação. Vejo que a imposição de dízimo, descontextualizada quanto à época e lei originária, serve somente de argumento sobre os mais simples, para dizer que os presbíteros tenham que ser assalariados para ministrar as coisas espirituais. Ora, o que ministra as coisas espirituais, não receberá salário espiritual? Pois Paulo mesmo disse:"Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo." (I Coríntios 9:11-12). Por isso, examinemos cuidadosamente os contextos das Escrituras Sagradas. Não somente versos soltos, pois as entrelinhas muitas vezes escondem tesouros para nossa alma. Pois Pedro mesmo advertiu da inconstância dos que desviam a sã doutrina:"E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza;" (II Pedro 3:15-17).
Não obstante, no próprio livro de Malaquias podemos encontrar a resposta sobre a quem é devido a cobrança do dízimo, "A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias..."(Malaquias 1:1) . Não é para nós (gentios) esta palavra... esta palavra é para os judeus. Não acho errado que a pessoa contribua (oferta expontânea) para manter sua igreja firme, mas fazer como algumas igrejas, na qual a primeira discussão é a obrigação do pagamento do dízimo, alguma coisa está errada. Isso não está certo o dinheiro é dado para ser usado na expansão da doutrina cristã, não para o pastor ou padre terem uma série de comodidades, na qual muitos fiéis nem estão próximos de ter.
Na época da monarquia em Israel, principalmente com Davi e Salomão, o dizimo era LEI. Devia ser pago 30% do total da renda familiar. Ou seja:

*10% para o REI
*10% para o SACERDOTE
*10% para o MANTIMENTO NO TEMPLO <== Apenas este é cobrado hoje em dia! Será porque?

No entanto, no período de Malaquias, os 10% para o TEMPLO estavam sendo roubados. Como a lei não estava sendo cumprida, Deus usou Malaquias para exortar o povo à pagar o que era devido, senão iria castiga-los com insetos que devorariam suas colheitas.
O dízimo era uma obrigação imposta por lei judaica às 11 tribos de Israel, para a manutenção dos levitas, única tribo que não tinha possessão de terras, pela herança dada às tribos de Israel. Todas as 11 tribos tinham por obrigação suster os levitas, designados e separados para o sacerdócio no templo.
Agora, estando debaixo do novo concerto, pelo sacrifício de Jesus, já a lei se fez impotente, visto que agora gentios e judeus convertidos compartilhariam de uma mesma herança, melhor e perpétua. Está escrito:

"Então disse: Sacrifícios e ofertas, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então acrescentou: Eis aqui venho, Para fazer, ó Deus, a tua vontade. Ele cancela o primeiro para estabelecer o segundo"(Hebreus 10:7-9).

O primeiro seria o primeiro testamento, a primeira lei. Ora, Jesus não era levita, mas de descendência da tribo de Judá. Segundo a lei judaica, não poderia exercer sacerdócio não sendo levita. Se houve mudança do sacerdócio, logo a primeira lei se invalida, estabelecendo-se uma nova. Está escrito:

"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei." (Hebreus 7:12)

Malaquias era profeta anterior ao nascimento de Jesus, portanto estava sob a lei do primeiro testamento. Ele falava acerca da obediência da lei, pois não conhecia a nova aliança vindoura. Jesus disse:

"A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele." (Lucas 16:16)

Em suma, me sinto melhor dando a quem precia do que a igreja (Eu dou oferta para a igreja quando sinto que é para dar), e assistir os pastores desfilando de carro pra cima e para baixo e sabendo que quem precisa realmente, não está tendo nem da igreja!

2 comentários:

Álvaro Borges disse...

Olá Fernando!

Vejo que de certa maneira possuímos muitos pontos em comum no tocante a esse assunto. Eu gostaria de propagar a idéia do dízimo para a sociedade ao invés do dízimo para a Igreja. Se for possível, dê uma passada em meu blog só pra ter uma idéia da campanha

http://www.estiralingua.blogspot.com/

Caso ache interessante a campanha e possa me ajudar com idéias para melhorá-la, entre em contato no meu mail d_elloc@yahoo.com.br

abr@ços

Elloc

leandros e cia disse...

concoro plenamente com tudo,que foi escrito,foi de grande esclarecimento, obrigado , deixa Deus te usar e conte comigo,para divulgar este assunto,pois so a verdade liberta.