quinta-feira, agosto 03, 2006

Terrorismo e a questão da fé.

O novo flagelo da humanidade e o novo desafio proposto a toda a civilização é o terrorismo, juntamente com a fome e a pobreza no mundo. Desta maneira, não é fácil simplesmente apontar qual seja o pior ou qual é o de maior peso nesta balança desprovida de coesão na qual denomina-se a justiça humana. Mas com toda certeza o que mais chama atenção pelos seus alaridos é o terrorismo em nossos dias. Com uma ênfase ao terrorismo no Oriente Médio, que a cada dia se torna mais comum e devastador, e entre duas das três maiores religiões monoteísta de todo o mundo que é o judaísmo e o islamismo. O terrorismo neste meio é marcado pela tamanha violência e intensidade com que este se apresenta.Trata-se de grupos organizados que agem sob uma bandeira qualquer, sempre com o objetivo de "destruir" em nome de um deus único e assegurados por uma respectiva promessa de gozar uma pós-vida alheia a qualquer mal que o aflingia quanto humano. Não obstante, encontramos exemplos nahistória que apoiariam esta tese. No livro que os cristãos chamam de Antigo Testamento e os judeus Tanakh, encontram-se muitos textos que falam de guerras santas e de aniquilação do adversário de uma maneira isenta de piedade a mando de um deus único. Pelo que respeita à história da Igreja recordam-se com freqüência as questões ligadas às cruzadas, às perseguições sangrentas aos hereges etc. Finalmente se apresenta no meio do islã interpretações de suas sagradas escrituras em que é nescessário defender com a espada e glorificar a Guerra Santa contra os infiéis. Quando é questão nomeadamente a respeito do sabre ou da espada apresentada pelo Profeta Maomé e apresentada pelo Alcorão, toma-se a palavra unicamente no seu sentido literal, sem mesmo pensar em se questionar se na realidade não existe nesta passagem um outro sentido diverso. Não é aliás contestável que um certo lado guerreiro exista no islamismo, e também que, longe de constituir um carácter particular desta religião, este caráter guerreiro se encontra igualmente na maior parte das outras tradições religiosas, incluindo o cristianismo. Sem mesmo lembrar que o próprio Cristo disse: "Eu não vim para trazer a paz, mas a espada", o que pode ser entendido figuradamente, a história da Cristandade na Idade Média, ou seja na época em que ela teve a sua realização efetiva nas instituições sociais, fornece provas largamente suficientes para que eles pudessem cometer a barbárie que cometeu.
Todos os grupos de terroristas que são motivados pela religião, como é o caso dos extremistas mulçumanos, estão absolutamente convencidos da nobreza de suas causas e da justeza de suas ações. Na correta análise do jornalista francês Gilles lapouge, "Esses assassinos cegos consideram-se santos, heróis, pessoas sacrificadas, que hoje provocam a desgraça com o objetivo de preparar a felicidade do amanhã", é que encontro a forma de apresentar o real sentimento que hoje que invade nossas comunidades.
O efeito do terrorismo dito "islâmico" (melhor seria dizer "terrorismo pseudo-islâmico") é sempre o de amplificar a espiral de destruição niilista. Paradoxalmente, os modernos praticantes desta forma pervertida de "jihâd" estão a participar ativa e decisivamente na pulsão niilista que acomete contra as muralhas da verdadeira espiritualidade por esse mundo a fora. Longe de neutralizar uma ameaça externa e repor o equilíbrio, a falsa "jihâd" propagandeada pela Al-Qaeda funciona como uma perturbação de ressonância, que só faz aumentar o desequilíbrio e dissolver a unidade da doutrina islâmica no caos niilista do terror.
De certo é que o que hoje parece ser uma novidade, de fato já se realizou no passado. Com personagens distintos e causas alegoricamente disfarçada pelo orgulho (religioso) de aprender com o que a história nos mostra. O que traz a memória o que o sábio Salomão disse: "...de modo que nada há de novo por debaixo do sol."poderia ser acrescentado: "...tudo o que passou, um dia tornará a se realizar.".