Para que uma reflexão seja, de fato, filosófica, deve ser radical, rigorosa e de conjunto.1 Radical porque a situação a ser investigada deve ser posta em termos radicais, ou seja, ela deve ser investigada de maneira exaustiva. Rigorosa porque não pode ser feita de maneira dispersa. Para ser filosófica, deve-se seguir um rigor determinado, levando-se em consideração as conclusões da sabedoria popular e as generalizações da ciência. E deve ser de conjunto no sentido de que não deve ser parcial, tendenciosa, mas sim, levando em consideração os aspectos do contexto em que está inserida2. E quando se é levado em consideração o contexto em que está inserido, o ato de filosofar se torna demasiadamente doloroso para alguns.
Na historia do nosso país, avistamos com muita propriedade o quanto o ato de filosofar pode ser relativamente prejudicial a algum grupo em especifico. As sociedades pragmáticas e consumistas criaram modelos de escolas tecnicista que baniu a filosofia dos currículos, depurando-as das escolas. A resolução, hoje, é produzir pessoas passivas, homens sem consciência de cultura, arte e outros, preocupado apenas com os fins propostos por uma aculturação alienante.
A filosofia propõe a busca do sentido mais profundo das coisas. Embora alguns pensem que este ato possa ser demasiadamente complexo, o simples ato de inquietude do homem, diante da vida, já o faz ser um filósofo. Claro, não querendo desmerecer nenhum profissional graduado, mas simplesmente tentando esclarecer que, a filosofia, além de ser essencial, ela é intrínseca ao homem sapiente. É justamente a filosofia despertando neste individuo, na forma de uma insatisfação diante das respostas que a sociedade dá para justificar algumas respostas tidas como irrevogáveis pela sociedade.
A filosofia, sobretudo, deveria ser conhecida como o real
significado do seu nome, a saber, philos-sophos, ou seja, amor à
Sabedoria, mas amor pelo que ela é, não pelo status na qual ela
remete ou a outros significados encontrados no dia-a-dia. Amor a
uma busca de respostas consistentes e no caminhar desta busca,
descobrir que, junto às respostas, vem outras perguntas que
juntamente com a questão originária, tende a ser respondida. A
questão é que cada nova resposta se torna uma possível pergunta
para quem não se aquieta perante uma questão sem solução.
Como foi dito pelo filósofo Gusdorf, “...a história atesta a
regeneração constante da reflexão, para além de todas as
tentativas de a liquidar”, o ato de filosofar não pode ser detido,
muito menos erradicado, enquanto tiver um homem que pensa e
que se inquieta perante a sua vida e em relação ao que está em
sua volta.
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