terça-feira, abril 10, 2007

Crítica ao ato de filosofar

Para que uma reflexão seja, de fato, filosófica, deve ser radical, rigorosa e de conjunto.1 Radical porque a situação a ser investigada deve ser posta em termos radicais, ou seja, ela deve ser investigada de maneira exaustiva. Rigorosa porque não pode ser feita de maneira dispersa. Para ser filosófica, deve-se seguir um rigor determinado, levando-se em consideração as conclusões da sabedoria popular e as generalizações da ciência. E deve ser de conjunto no sentido de que não deve ser parcial, tendenciosa, mas sim, levando em consideração os aspectos do contexto em que está inserida2. E quando se é levado em consideração o contexto em que está inserido, o ato de filosofar se torna demasiadamente doloroso para alguns.

Na historia do nosso país, avistamos com muita propriedade o quanto o ato de filosofar pode ser relativamente prejudicial a algum grupo em especifico. As sociedades pragmáticas e consumistas criaram modelos de escolas tecnicista que baniu a filosofia dos currículos, depurando-as das escolas. A resolução, hoje, é produzir pessoas passivas, homens sem consciência de cultura, arte e outros, preocupado apenas com os fins propostos por uma aculturação alienante.

A filosofia propõe a busca do sentido mais profundo das coisas. Embora alguns pensem que este ato possa ser demasiadamente complexo, o simples ato de inquietude do homem, diante da vida, já o faz ser um filósofo. Claro, não querendo desmerecer nenhum profissional graduado, mas simplesmente tentando esclarecer que, a filosofia, além de ser essencial, ela é intrínseca ao homem sapiente. É justamente a filosofia despertando neste individuo, na forma de uma insatisfação diante das respostas que a sociedade dá para justificar algumas respostas tidas como irrevogáveis pela sociedade.

A filosofia, sobretudo, deveria ser conhecida como o real

significado do seu nome, a saber, philos-sophos, ou seja, amor à

Sabedoria, mas amor pelo que ela é, não pelo status na qual ela

remete ou a outros significados encontrados no dia-a-dia. Amor a

uma busca de respostas consistentes e no caminhar desta busca,

descobrir que, junto às respostas, vem outras perguntas que

juntamente com a questão originária, tende a ser respondida. A

questão é que cada nova resposta se torna uma possível pergunta

para quem não se aquieta perante uma questão sem solução.

Como foi dito pelo filósofo Gusdorf, “...a história atesta a

regeneração constante da reflexão, para além de todas as

tentativas de a liquidar”, o ato de filosofar não pode ser detido,

muito menos erradicado, enquanto tiver um homem que pensa e

que se inquieta perante a sua vida e em relação ao que está em

sua volta.




1 SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 10. ed. São Paulo:Cortez, 1991.

2 NUNES, Renato. A Filosofia, o Filosofar e a Filosofia na Educação.

Nenhum comentário: