quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Seria a hipocrisia um meio santo de se viver?

Por que, no meio evangélico, a palavra tem mais poder para o mal do que para o bem? Uns dizem que a língua tem poder, mas por que o poder só manifesta para o mal? Muitos evangélicos evitam pronunciar palavras que carregam certa frustração, ódio, rancor, porque dizem que isso atrai morte e desgraça. Mas por que uma pessoa não ganha na Mega-Sena ao se repetir “trocentas” vezes a frase “Vou ganhar na Mega-Sena?” As palavras não têm poder? Por que a macumba só deixa de ter poder quando se fazem correntes, orações fortes e campanhas para vence-la, e após uma Santa Ceia na Igreja Evangélica o pão e a água, que eram elementos consagrados até então, deixam de sê-los? Satanás, por ventura, teria poderes maiores que Deus? Por que quando se levanta uma pessoa, que não seja cristã, para destronar um ditador que oprime o povo, os cristãos dizem ser uma intervenção divina, mas quando um cristão tenta faze-lo simplesmente é impedido pela própria igreja sendo tachado de instrumento do demônio? Seria essa hipocrisia algo bom para se viver?

Pior que o câncer é ter isso em nossas igrejas. Pessoas se intitulando apóstolos, mas que na verdade buscam simplesmente status, poder, dinheiro, objetivos estes que os levarão à ruína e à perdição. Quando já se viu tal coisa na história da Igreja? Pastores pegos em escândalos monetários e que ainda insistem em pedir dinheiro aos seus membros alegando serem vítimas de perseguições. A igreja evangélica, que sempre pregou contra a riqueza da igreja católica hoje busca o mesmo status, custe o que custar. O pior é quando vemos que o protestantismo nasceu para ir contra as indulgências, sistema opressor do qual a católica se utilizou para adquirir dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, e hoje esquecido pelo meio evangélico. Que desonra às raízes! Se não valoriza o próprio surgimento como valorizar o nascimento do Salvador em meio aos homens? E o pior é, quando praticando todas essas coisas, ainda se busca a “quantidade” e não a “qualidade” de seus membros. Pessoas e mais pessoas entram nas igrejas e saem sem ao menos meditar no que quer dizer o título “Jesus Cristo, o Filho de Deus”, ou então “não se pode servir a Deus e a Mamon”. Como dizia Nietzsche: “O poder gosta de andar com pernas tortas”.

Outro problema: Mais e mais CD’s são criados e lançados com uma desculpa de ser o propósito de Deus e de ser aquilo que “foi gerado no coração de Deus”. O problema é que quando alguém diz ter sua obra gerada no coração de Deus não dá a oportunidade a ninguém de questiona-la segundo sua interpretação porque é como se fosse um questionamento contra Deus. Mas tal questionamento se torna possível quando este irmão é pego em escândalos, mentiras e falsidades. Aí é tarde; milhões de “pequenos cristos” se escandalizaram nos “grandes cristos”. Aí pergunto: Seria Deus o criador de seu próprio louvor? Deus criaria uma letra para se louvar? O louvor parte de Deus para Deus ou do homem a Deus? Ou teríamos capacidade vinda de Deus para louvarmos com nossas próprias letras? O ritmos têm de ser sempre o mesmo? Estranho... E o mais interessante é que muitos que lançam CD’s “gospidos” tem a cara de pau de dizer que é pecado comprar CD’s piratas. Mas qual é o pecado maior? Comprar um CD pirata ou comprar um CD original pagando este absurdo de preço que vemos hoje em dia? Dizem eles ser pecado comprar algo falsificado porque “não se dá a paga devida ao trabalhador”. Mas será que esses que dizem viver essa “verdade” vivem ela realmente? Será que o “Windows” da Microsoft, outros programas de computador, o tênis que ele usa, a marca da roupa, o cinto, a bateria do relógio, ou o próprio relógio e a mochila são originais? Não seria pecado deixar de lutar com a empresa que mais oprime o seu cliente; as gravadoras? Absurdos são cobrados dos músicos e estes aceitam porque têm o dinheiro para pagarem. Aliás, têm dinheiro porque os “pequenos” é que dão. Daí, eles aproveitam e jogam a culpa de algo que se iniciou nele para se verem livres. O pensamento destes anti-evangelho impede qualquer um de estudar em uma faculdade, uma vez que esta é cara no que tange à mensalidade e porque agora é “pecado” usar “Windows” falsificado. Não digo aqui que se deve usar coisas defraudadas à torto e direito, mas que também não devemos nos inclinar ante esse espírito do consumismo capitalista anti-cristo.

Tais pessoas que praticam tais atos não passam de pessoas que apenas chegaram em Jesus, o fitaram com os próprios olhos e então pararam diante dele e mudaram suas vidas. Até que muitos mudam para melhor! Mas Cristo é a Porta, e Ele nos chama para entrar e não para ficar parado diante Dele. Isso é covardia, porque para passar por Ele é preciso passar pela cruz; precisamos negar o nosso ego. Precisamos de um minuto de silêncio diante daquele que não é o Silêncio, mas que estava no princípio com o Silêncio que nos leva a conhecermos quem realmente somos. Só que a igreja prefere ligar a guitarra e fazer barulho. Falar em línguas também. Tudo para que não se manifeste o silêncio porque senão Deus fala. E se Ele falar muita coisa terá que “ir pro espaço”. O silêncio de Deus é ensurdecedor.

O que resta para essa igreja? Diante de tanta “baboseira” e falta de reverência (hoje existem pessoas que chamam Deus de “o cara lá de cima”, ou de “meu papaizinho” sem pensar na imensidão, na retidão e na santidade de Deus com relação a nós) resta à igreja a passar pela porta. Perceber que o Evangelho é renúncia. Não é pregar prosperidade. O próprio pregador já disse em Eclesiastes 7:15: “Nesta vida sem sentido eu já vi de tudo: Um justo que morreu apesar da sua justiça, e um ímpio que teve vida longa apesar da sua impiedade”. Nem Jesus, que foi o mais justo de todos andou de carruagem (nem de BMW)! Aliás, Ele nasceu numa manjedoura e levou uma vida humilde e simples. O problema é que, para ser humilde, devemos ser humilhados, porque assim aprenderemos como realmente agir. A cruz deve ser o centro e não o dízimo. Hoje em dia nem o dízimo é aceito como deveria ser: As tribos, no Primeiro Testamento, davam 10% do que produziam, e não 10% de seu dinheiro (em espécie). Davam a ovelha, o cereal, e não a moeda. Por quê? Porque Deus quer igualdade e justiça no meio de seu povo e não motivo para mais escândalos. Dizime, mas com justiça, com retidão, com consciência. Se não for assim não dizime, porque não existe esse Deus medieval que tanto é pregado aqui no Brasil que faz mal e amaldiçoa quem não dizima. Pura mentira! Isso mesmo: Mentira! Devemos dizimar não porque é Lei, mas porque meu irmão precisa viver em pé de igualdade comigo e também em justiça.

O chamado de Jesus Cristo não é para uma vida em bonança. Aliás, só leva vida em bonança quem não prega a verdade. Fale a verdade real na igreja e veja se você não será perseguido por pelo menos meia dúzia de “crentes em Deus”. Não digo aqui que você não deve ir à igreja. Deve ir sim porque é lá que se reúne o povo de Deus para contar e experimentar das maravilhas de Deus. É lá que aprendemos como conviver e colocar o amor de Cristo em prática. Mas lá não é lugar de enganação; de Deus não se zomba. Pode ter certeza que não cairá um raio na cabeça destes que pregam a perversão, mas se cair é porque o salário de seu pecado foi este. Deus vingará quando concretizar Sua vinda. Naquele dia será dor e separação. Não existirão pedrinhas no feijão. O feijão irá para o interior de Deus, mas as pedrinhas... A Pós-Modernidade experimenta a falsidade, a verdade relativa, o amor selecionado, o viver com amigos apenas, mas isso é lixo. É o mesmo que uma latrina sem descarga. Deus não é Deus de duas verdades, nem de mais. Ele não é de selecionar uns e outros com maldade. O mal não reina sobre Ele, mas sim o contrário. O mal domina sobre o homem, até mesmo em sua compreensão sobre Deus e seus atributos. O homem é mal devido ao seu pecado. E necessita de Deus para ser curado. Ame a Deus e deixe reinar como deve, pois caso contrário você mesmo se exterminará.

Sou Carlos Chagas, membro da Igreja Batista Betel no Flamengo em Contagem, Minas Gerais. Sou sonoplasta e estudante de Teologia na FATE-BH. Sou crente desde 2002 e sedento por Justiça e por justiça.

Sole Dei Gratia. 07/01/2007

5 comentários:

Anônimo disse...

Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida. Lucas 1:75
Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que em santidade e sinceridade de Deus, não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e mormente em relação a vós. 2 Coríntios 1:12
Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo com todos os seus santos. 1 Tessalonicenses 3:13

Fernando Maximiano disse...

Amém! Meu caro anônimo...

Só engrandeceu o artigo com estes versículos. Obrigado!

Anônimo disse...

Oi Fernando,resolví fazer um comentário sobre este artigo.
Acho que esta pessoa generalizou todas as igrejas e todas as pessoas. Nós somos falhos, somos humanos e não estamos na condição de julgar ou sermos julgados, isto cabe somente a Deus.Existe sim, falsos pastores, pessoas que estão aí somente para sulgar dos fieis, mas com certeza há pessoas corretas. Acho que vivemos pela fé e eu tenho fé na palavra de Deus que é a Biblia. Deus está em nosso coração e o que fazemos ou deixamos de fazer cabe a Ele dizer se estamos certos ou errados. Penso que se seguirmos a sua palavra saberemos diferenciar para nós o que é pecado e o que não é.
A bíblia nos diz que Deus nos conhece plenamente, pois Ele nos fez e Ele sabe o que está em nosso coração. E para Ele é o que importa. Ele diz para que nós amemos uns aos outros e perdoemos quantas vezes for necessária. Mas se esta pessoa diz amar a Deus e tem tanto rancor em seu coração por causa de algumas pessoas, então ela não o ama o suficiente.
Quanto ao louvor , acho que cada um pode louvar a Deus da maneira que achar que o convém. Se com música, com oração, com dízimo, com ajuda ao necessitado ou com tudo ao mesmo tempo. O importante é louvá-lo, pois Ele é o nosso criador, criador do mundo e todas as coisas que nele há.Ele nos mantém, nos sustenta,nos consola, nos conforta e não é a toa que tem este nome : D E U S.
Um abraço,

Rosilene (mãe da Roberta)

Fernando Maximiano disse...

Cara Rosilene, com muito prazer leio a sua ponderação. Gostaria de sujeitar-me à alguns comentários de acordo com o que a senhora disse.

"Acho que esta pessoa generalizou todas as igrejas e todas as pessoas."

Infelizmente, na pós-modernidade, a regra se faz presente da forma em que o Chagas fomentou em seu artigo. Lembrando que a excessão(ões) não desmerece a regra.


"Nós somos falhos, somos humanos e não estamos na condição de julgar ou sermos julgados, isto cabe somente a Deus."

De fato, somos falhos. Mas não isentos de julgar e ser julgado, senão, deveríamos acabar com os juízes de direito. Não obstante, o julgamento não é pecado (I Cor. 10:15), mas o mau julgamento que é (Mateus 7:1-6), porém se você acredita que todo julgamento é pecado, então não julgue.

Fernando Maximiano disse...

"Existe sim, falsos pastores, pessoas que estão aí somente para sulgar dos fieis, mas com certeza há pessoas corretas."

Concordo. Mas, este artigo tem como objetivo a crítica aos que abusam da fé alheia. Aos que são corretos, de fato merecem todo o nosso respeito.


"Mas se esta pessoa diz amar a Deus e tem tanto rancor em seu coração por causa de algumas pessoas, então ela não o ama o suficiente."

Um pequeno problema com o que a senhora suscitou é o fato de que não exista tal pessoa capaz de amar a todos. No discurso fica belo, mas na prática, impossível ao homem.

"não é a toa que tem este nome : D E U S."

Um último adendo, deus é título e não nome. O nome, de acordo com a tradição judaica, para este deus é YHWH (perdeu-se a pronúncia com o tempo). Ocidentalizado, este nome seria Yahweh ou simplesmente Javé.

Abraços e PAX!