segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Deixa ir os meus Músicos!

Uma das maiores necessidades da igreja brasileira hoje é a de música cristã profana. Precisamos de música cristã que não fale de Deus. Não que falar de Deus não seja importante; mas às vezes tenho a impressão de que falamos demais de Deus, quase a ponto de tomar seu nome em vão. Falamos tanto porque estamos preocupados com a sua ausência; será que falamos para ocultar a sua ausência?
Falar de Deus é essencial: "como crerão, se não ouvirem?". Tão importante quanto falar sobre Deus, no entanto, é falar a partir de Deus ; e quando falamos a partir de Deus, não precisamos, necessariamente, usar o nome de Deus - o livro de Ester conta uma belíssima história sem usar o nome de Deus nem uma única vez, e essa história se tornou parte do cânon judaico-cristão, como narrativa divinamente inspirada.
A questão, pois, é se temos a graça de contar a história do modo correto, de narrar a vida sob a luz do evangelho. Precisamos de música que não fale de Deus, mas que fale a respeito da vida, das flores, do amor, da política, e das crianças, sob a luz do evangelho; precisamos de música que fale sobre o mundo, mas a partir de Deus.
Além disso, precisamos de música, simplesmente. Música que signifique Deus por sua beleza, e que mostre a sua glória sem palavras. A música pode ser narrativa, mas não precisa ser - a música não precisa de justificativas além da sua própria existência porque, afinal, Deus não precisa dar explicações sobre a razão de sua criação. Quem pode pôr em dúvida a beleza da música? Quem pode pôr em dúvida o amor do homem pela beleza da música? E quem pode pôr em dúvida a origem divina de toda boa dádiva, e de todo dom perfeito?

Quem és tu, ó pastor evangélico, para discutires com Deus? (...)

Pode a coisa feita desafiar seu Criador, perguntando-lhe: "Por que me fizeste assim?" Ou terás a ousadia de reprovar o inventor da beleza, por ter criado homens que amam a música pela música, mesmo quando não tem uma razão bíblica para desfrutá-la? Acusarás a Deus de ser o tentador do homem? Atribuirás a Satanás a arte de Mozart, de Wagner ou de Villa-Lobos? Consumados estes absurdos, que mais restará senão reprovar também a beleza das flores e o canto do sabiá? Por causa de Israel o nome de Deus foi blasfemado entre os gentios;

...mas por causa de ti a música cristã afunda nas trevas da feiúra estética.

Não me esqueço do dia em que um diácono da minha igreja - um homem grande, sério, que detestava livros mais do que qualquer coisa na vida - me chamou para uma conversa séria, "de homem pra homem". Este diácono - não sei se no corpo ou fora do corpo, Deus o sabe - me aconselhou a desistir de ser músico profissional. "Porque" - dizia ele - "este meio artístico é muito sujo... Tem muita p., e um crente verdadeiro não se mete com p. Quando tem muita p. num lugar a gente tem que sair". E, de fato, eu saí rapidamente de perto dele. Acho que em poucas ocasiões eu ouvi tantas vezes a palavra "p...".
Os músicos cristãos precisam de libertação - não da música "do mundo", mas da música "da igreja". Precisam ser libertados do jugo dos pastores e dos crentes legalistas, que exigem qualidade nas noites de domingo, mas que proíbem estes músicos de se profissionalizarem, e fecham o mundo da música a uma ação cristã redentiva.

Por Guilherme Carvalho, http://ideiafiksa.blogspot.com/

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Seria a hipocrisia um meio santo de se viver?

Por que, no meio evangélico, a palavra tem mais poder para o mal do que para o bem? Uns dizem que a língua tem poder, mas por que o poder só manifesta para o mal? Muitos evangélicos evitam pronunciar palavras que carregam certa frustração, ódio, rancor, porque dizem que isso atrai morte e desgraça. Mas por que uma pessoa não ganha na Mega-Sena ao se repetir “trocentas” vezes a frase “Vou ganhar na Mega-Sena?” As palavras não têm poder? Por que a macumba só deixa de ter poder quando se fazem correntes, orações fortes e campanhas para vence-la, e após uma Santa Ceia na Igreja Evangélica o pão e a água, que eram elementos consagrados até então, deixam de sê-los? Satanás, por ventura, teria poderes maiores que Deus? Por que quando se levanta uma pessoa, que não seja cristã, para destronar um ditador que oprime o povo, os cristãos dizem ser uma intervenção divina, mas quando um cristão tenta faze-lo simplesmente é impedido pela própria igreja sendo tachado de instrumento do demônio? Seria essa hipocrisia algo bom para se viver?

Pior que o câncer é ter isso em nossas igrejas. Pessoas se intitulando apóstolos, mas que na verdade buscam simplesmente status, poder, dinheiro, objetivos estes que os levarão à ruína e à perdição. Quando já se viu tal coisa na história da Igreja? Pastores pegos em escândalos monetários e que ainda insistem em pedir dinheiro aos seus membros alegando serem vítimas de perseguições. A igreja evangélica, que sempre pregou contra a riqueza da igreja católica hoje busca o mesmo status, custe o que custar. O pior é quando vemos que o protestantismo nasceu para ir contra as indulgências, sistema opressor do qual a católica se utilizou para adquirir dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, e hoje esquecido pelo meio evangélico. Que desonra às raízes! Se não valoriza o próprio surgimento como valorizar o nascimento do Salvador em meio aos homens? E o pior é, quando praticando todas essas coisas, ainda se busca a “quantidade” e não a “qualidade” de seus membros. Pessoas e mais pessoas entram nas igrejas e saem sem ao menos meditar no que quer dizer o título “Jesus Cristo, o Filho de Deus”, ou então “não se pode servir a Deus e a Mamon”. Como dizia Nietzsche: “O poder gosta de andar com pernas tortas”.

Outro problema: Mais e mais CD’s são criados e lançados com uma desculpa de ser o propósito de Deus e de ser aquilo que “foi gerado no coração de Deus”. O problema é que quando alguém diz ter sua obra gerada no coração de Deus não dá a oportunidade a ninguém de questiona-la segundo sua interpretação porque é como se fosse um questionamento contra Deus. Mas tal questionamento se torna possível quando este irmão é pego em escândalos, mentiras e falsidades. Aí é tarde; milhões de “pequenos cristos” se escandalizaram nos “grandes cristos”. Aí pergunto: Seria Deus o criador de seu próprio louvor? Deus criaria uma letra para se louvar? O louvor parte de Deus para Deus ou do homem a Deus? Ou teríamos capacidade vinda de Deus para louvarmos com nossas próprias letras? O ritmos têm de ser sempre o mesmo? Estranho... E o mais interessante é que muitos que lançam CD’s “gospidos” tem a cara de pau de dizer que é pecado comprar CD’s piratas. Mas qual é o pecado maior? Comprar um CD pirata ou comprar um CD original pagando este absurdo de preço que vemos hoje em dia? Dizem eles ser pecado comprar algo falsificado porque “não se dá a paga devida ao trabalhador”. Mas será que esses que dizem viver essa “verdade” vivem ela realmente? Será que o “Windows” da Microsoft, outros programas de computador, o tênis que ele usa, a marca da roupa, o cinto, a bateria do relógio, ou o próprio relógio e a mochila são originais? Não seria pecado deixar de lutar com a empresa que mais oprime o seu cliente; as gravadoras? Absurdos são cobrados dos músicos e estes aceitam porque têm o dinheiro para pagarem. Aliás, têm dinheiro porque os “pequenos” é que dão. Daí, eles aproveitam e jogam a culpa de algo que se iniciou nele para se verem livres. O pensamento destes anti-evangelho impede qualquer um de estudar em uma faculdade, uma vez que esta é cara no que tange à mensalidade e porque agora é “pecado” usar “Windows” falsificado. Não digo aqui que se deve usar coisas defraudadas à torto e direito, mas que também não devemos nos inclinar ante esse espírito do consumismo capitalista anti-cristo.

Tais pessoas que praticam tais atos não passam de pessoas que apenas chegaram em Jesus, o fitaram com os próprios olhos e então pararam diante dele e mudaram suas vidas. Até que muitos mudam para melhor! Mas Cristo é a Porta, e Ele nos chama para entrar e não para ficar parado diante Dele. Isso é covardia, porque para passar por Ele é preciso passar pela cruz; precisamos negar o nosso ego. Precisamos de um minuto de silêncio diante daquele que não é o Silêncio, mas que estava no princípio com o Silêncio que nos leva a conhecermos quem realmente somos. Só que a igreja prefere ligar a guitarra e fazer barulho. Falar em línguas também. Tudo para que não se manifeste o silêncio porque senão Deus fala. E se Ele falar muita coisa terá que “ir pro espaço”. O silêncio de Deus é ensurdecedor.

O que resta para essa igreja? Diante de tanta “baboseira” e falta de reverência (hoje existem pessoas que chamam Deus de “o cara lá de cima”, ou de “meu papaizinho” sem pensar na imensidão, na retidão e na santidade de Deus com relação a nós) resta à igreja a passar pela porta. Perceber que o Evangelho é renúncia. Não é pregar prosperidade. O próprio pregador já disse em Eclesiastes 7:15: “Nesta vida sem sentido eu já vi de tudo: Um justo que morreu apesar da sua justiça, e um ímpio que teve vida longa apesar da sua impiedade”. Nem Jesus, que foi o mais justo de todos andou de carruagem (nem de BMW)! Aliás, Ele nasceu numa manjedoura e levou uma vida humilde e simples. O problema é que, para ser humilde, devemos ser humilhados, porque assim aprenderemos como realmente agir. A cruz deve ser o centro e não o dízimo. Hoje em dia nem o dízimo é aceito como deveria ser: As tribos, no Primeiro Testamento, davam 10% do que produziam, e não 10% de seu dinheiro (em espécie). Davam a ovelha, o cereal, e não a moeda. Por quê? Porque Deus quer igualdade e justiça no meio de seu povo e não motivo para mais escândalos. Dizime, mas com justiça, com retidão, com consciência. Se não for assim não dizime, porque não existe esse Deus medieval que tanto é pregado aqui no Brasil que faz mal e amaldiçoa quem não dizima. Pura mentira! Isso mesmo: Mentira! Devemos dizimar não porque é Lei, mas porque meu irmão precisa viver em pé de igualdade comigo e também em justiça.

O chamado de Jesus Cristo não é para uma vida em bonança. Aliás, só leva vida em bonança quem não prega a verdade. Fale a verdade real na igreja e veja se você não será perseguido por pelo menos meia dúzia de “crentes em Deus”. Não digo aqui que você não deve ir à igreja. Deve ir sim porque é lá que se reúne o povo de Deus para contar e experimentar das maravilhas de Deus. É lá que aprendemos como conviver e colocar o amor de Cristo em prática. Mas lá não é lugar de enganação; de Deus não se zomba. Pode ter certeza que não cairá um raio na cabeça destes que pregam a perversão, mas se cair é porque o salário de seu pecado foi este. Deus vingará quando concretizar Sua vinda. Naquele dia será dor e separação. Não existirão pedrinhas no feijão. O feijão irá para o interior de Deus, mas as pedrinhas... A Pós-Modernidade experimenta a falsidade, a verdade relativa, o amor selecionado, o viver com amigos apenas, mas isso é lixo. É o mesmo que uma latrina sem descarga. Deus não é Deus de duas verdades, nem de mais. Ele não é de selecionar uns e outros com maldade. O mal não reina sobre Ele, mas sim o contrário. O mal domina sobre o homem, até mesmo em sua compreensão sobre Deus e seus atributos. O homem é mal devido ao seu pecado. E necessita de Deus para ser curado. Ame a Deus e deixe reinar como deve, pois caso contrário você mesmo se exterminará.

Sou Carlos Chagas, membro da Igreja Batista Betel no Flamengo em Contagem, Minas Gerais. Sou sonoplasta e estudante de Teologia na FATE-BH. Sou crente desde 2002 e sedento por Justiça e por justiça.

Sole Dei Gratia. 07/01/2007

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Uma pergunta que precisa ser calada...

Bom, existe uma pergunta que tocou fundo em meu peito. A pergunta é 'SAbe qual o exército que luta contra ele mesmo?'... Não sei qual é a visão de alguns cristãos quando olham a sua vida ou a vida dos demais ao seu redor, seja uma vida tranquila ou corrida, cheia de altos e baixos... mas, encarar a vida cristã como uma milícia e pior, encarar todos os cristãos como soldados é simplesmente fazer um reducionismo gigantesco de Deus. O que nos separa do 'mundo' é simplesmente a vontade de amar como Deus ama, pensar como Deus pensa, enfim, fazer TUDO como Deus faria se estivesse em nosso lugar! Mas ao contrário disso, nos sujeitamos as ondas de doutrinas que tratam o evangelho como se fossem uma arma de destruição em massa:"Vamos derrotar!!!!", "Vamos dominar!!!", "Aceite agora ou se arrependa depois!!!"... e por este caminho, o erro do passado novamente vem a tona! No passado invetou-se um inferno de sofrequidão e agonia eterna simplesmente para 'ganhar' pessoas pela dor! (...) Não se falavam mais do amor de Deus para com os seus filhos... O evangelho não servia mais para libertar, mas sim, para se defender do medo constante de ir ao inferno!! Palavras eram sempre lembradas, como que se fossem usadas para que Deus não se esquecesse de livra-los do inferno inventado por homens... Aquele inferno... aonde há um 'imperador' que castiga e que é denominado 'Rei das moscas' vulgo, diabo! Este mesmo inferno não foi apresentado pela bíblia desta mesma forma... não se ouvia no lábio do Mestre as táticas para se libertar do inferno assustador e horrendo! Os apóstolos, eles sim, canônios, não davam importancia em se ter! Em conquistar! Em ser alguém importante para Deus... pois, para Deus o importante não é o fazer, mas o 'ser'! (...) Ser o mais diferente possível do mundo!!! Ser exatamente aquilo que Ele preparou para os que são Dele!! (...) Mas o que era para ser feito em secreto para não ter-se algum reconhecimento, virou uma luta desenfreada para ver quem é o mais santo... o que era para ser intríseco ao coração, virou uma desculpa para mudar até mesmo a maneira de se vestir, fato que me lembra muito a forma na qual Alexandre Magno usou para controlar os seus conquistados... O que era para ser em espírito e em verdade, virou-se em carnalidade e em hipocrisia!!! Deus não é homem para sorrir, mas se Ele estivesse aqui, Ele iria preferir andar em meio aos ladrões, em meio as prostitutas, em meio aos traficantes, pois assim Ele poderia oferecer o seu sorriso de esperança... Ahh! Se o Mestre estivesse aqui, e convivesse com esta liderança eclesiástica, não encontraria no Mestre, sequer, um tracejo sincero e alegre de sua parte... não veríamos o Mestre com o seu sorriso estampado em meio ao que fizeram com o 'seu nome'... Ele preferiria chorar!!! Chorar de desespero pedindo ao Pai "pelo menos mais uma chance, pois eles não sabem o que fazem! Ou se sabem, estão sendo enganados", só assim os que riem agora, poderíam começar a chorar de arrependimento!!! O pranto levantado por Aquele que é e que será e que sempre foi, seria ouvido como uma punhalada nos corações sedentos de amor... chegaria com justiça ao coração dos que anseiam ter de volta um motivo para sorrir!!! E neste momento, o Mestre explicaria para todos que, o inferno não é ir a um lugar de sofrimento e serem eternamente maltratados, mas sim, o inferno seria... ter a plena conciência de que nunca mais iria sentir o amor... o inferno seria simplesmente, estar distante daquele que sempre pregou com amor e em amor!! Daquele que não precisou das riquezas do mundo para ser ouvido... Daquele que nunca se viu abatido em saber que os que se diziam ser Seus, iríam fugir e o deixar sozinho. Pelo contrário, os amou ainda mais por isso! (...)

A pergunta 'SAbe qual o exército que luta contra ele mesmo?' (...) encontraria no Mestre a seguinte resposta:

"Vocês sabem que os governantes das nações AS DOMINAM, e as pessoas importantes EXERCEM PODER sobre elas. NÃO SERÁ ASSIM ENTRE VOCÊS; ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo, como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos." (Mat. 20:25-28)

... acrescentaria dizendo: "...Os reis das nações DOMINAM sobre elas, e os que EXERCEM AUTORIDADE sobre elas são chamados de benfeitores; MAS VOCÊS NÃO SERÃO ASSIM. Ao contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. Pois quem é maior, o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como o que serve." (Luc. 22:25-27).

Não existem exércitos dominantes, não há milícia para militar, não há guerras para vencerem... Jesus já liquidou tudo no madeiro! Temos que viver em Amor e na sã doutrina! Aquilo que Jesus e os Apóstolos (estes sim canônios} ensinaram como princípio de fé e detentor da Lei do Espírito e da Vida! Se o Mestre estivesse aqui, Ele diria mais uma vez "Está Tudo Consumado!"